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domingo, 21 de outubro de 2007

ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS

O ensino religioso na escola:opção ou imposição?
Abraham Goldstein, presidente da B´nai B´rith do BrasilTexto de Lia Bergmann
O ensino confessional na escola pública é um problema muito sério e não pode ser acolhido por uma nação que se pretende democrática e pluralista. A opção religiosa cabe à família e aos pais compete educar seus filhos dentro da fé escolhida. Há também a opção por escolas particulares: judaicas, muçulmanas, católicas, luteranas, batistas, presbiterianas, anglicanas e de diversas matizes. No entanto, a escola, seja pública ou particular, tem, isto sim, o dever de ensinar o respeito às diversas tradições e crenças religiosas, sem priorizar nenhuma. O ensino não pode ser um fator multiplicador do preconceito e da discriminação. Infelizmente, estamos muito longe disso. Na Conferência Nacional de Políticas de Igualdade Racial, realizada em Brasília, onde a B´nai B´rith do Brasil participou junto com a delegação da comunidade judaica coordenada pela CONIB, uma das constatações mais recorrentes foi a de que em muitos lugares deste Brasil, o aluno que professa uma religião de matriz africana não pode sequer mencionar este fato em classe, pois é discriminado não apenas pelos colegas, mas pelo professor e pela instituição que deveria ensinar o respeito ao próximo.
"O Brasil tem uma das legislações e instituições maisavançadas do mundo contra o racismo e a intolerânciareligiosa. Resta colocá-las em prática no cotidiano"
Muitas religiões milenares não crêem em Deus da forma como é concebido pelas religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. O budismo, por exemplo, não tem a visão de Deus adotada pelo Ocidente; as religiões de matriz-africana têm um panteão de deuses. Não nos cabe julgá-las ou escamoteá-las, sejam religiões majoritárias ou minoritárias dentro da população brasileira. Como judeus sabemos muito bem o que é a discriminação étnica e religiosa. Como lembra sempre o ex-Secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, Dr. Hédio Silva Jr, a liberdade religiosa no Brasil é uma conquista recente.Um país onde os cristãos novos (judeus convertidos à força pelo catolicismo) sofreram durante quase quatro séculos perseguições e humilhações que chegaram a levar diversos brasileiros à fogueira da Inquisição, inclusive paulistas; um país que teve séculos de escravidão, arrancando os negros de diversas regiões do continente africano, afastando-os de suas tradições e costumes, e onde ainda hoje terreiros são invadidos por conta do fanatismo religioso, sabe que tem um longo caminho a percorrer. O Brasil tem uma das legislações e instituições mais avançadas do mundo contra o racismo e a intolerância religiosa. Resta colocá-las em prática no cotidiano. Nisto a escola possui um papel de fundamental importância, como elemento de conscientização da diversidade, propulsor do conhecimento das diversas religiões e da existência do sagrado em suas diversas manifestações, sem juízo de valor.

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