
Cecília Meireles
Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)
Hoje queria deixar essa reflexão.
A velhice desamparada, morre, não de velhice, mas de indiferença.
Indiferença dos filhos, das autoridades, daqueles que deveriam dar suporte para que nossos velhinhos morressem, realmente de velhice.
Não é isso que nós vemos hoje.
Cada dia mais vemos o descaso, o abandono, e a indiferença que mata mais do que a própria idade.
Deixo um apelo a todos os "humanos" comprometidos com o bem estar dos nossos velhinhos: visitem os asilos, e vocês vão ver que uma lágrima de agradecimento vai rolar nos olhos de cada um que você tocar.
Faça isso, e uma vida vai renascer de novo, e morrer de velhice.
Reflita em Mateus 25:31-46.
J. Lanes
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